QUANDO IRÁ DEVOLVER-ME?

Vivo a perseguir os seus olhos,
Busco-me a todo momento até mesmo em outros olhos,
Se eu soubesse que ao olhar para você me perderia em seus olhos,
Não ousaria encarar você,
Corro contra o tempo e aproveito todo momento que posso te ver,
Até em imagens de fotografias tento reaver-me sem esperança,
Em silêncio o persigo, tentando ver o seu olhar sobre mim,
Como pode tomar dessa forma o que só os meus olhos deveriam ter,
Devolve-me!
Devolve esse amor que me tirou,
O encontro com o seu olhar me aprisionou,
Porque Deus tornou-se seu aliado?
E não deixa que eu o alcance, tento ver os seus olhos e tomar de volta o meu ser,
Não desvie seus olhos dos meus,
Tenho que ter-me de volta,
Tomaste a minha vida com um simples olhar,
E agora? Como posso seguir em frente? Se o meu ser ficou preso a você,
Antes de partir a buscar outros olhares,
Devolve-me!
 Deus me conceda uma chance de fitar por um instante os olhos do amor,
Quem sabe assim o meu amado se apieda do meu pranto,
E me olha por um instante,
Me solta dos seus olhos,
Me devolve a vida,
Me devolve o viver.

A SOMBRA ESCONDIDA NA ALMA

É Impressionante o ponto que nos surpreende ao trilharmos o caminho da Santidade,
Ao cair o véu do mais profundo do nosso humano,
Vemos perfeitamente a sombra que nos cerca,
E percebemos,
Dizemos ser o que ainda não somos,
Decidimos coisas que ainda não foram digeridas no nosso íntimo,
E caímos,
A Sombra escondida na alma mostra a nossa falha,
Uma humanidade bem aparente que está passiva como um ponto,
Que cresce toma forma quando impulsionada pelas situações externas,
E aquilo que foi construído,
Enganado por um véu se rasga,
Deixando com ar sem graça,
O caminhante que não se conhecia e nem sequer sabia,
Da sombra que vivia, tão natural e tão real escondida,
Mas passou despercebida por quem ainda não conhece a vida,
E olha para fora com ar de quem sabe tudo,
Sem cuidado criando feridas,
Em almas amigas conhecidas e desconhecidas,
Colocando pesos nas costas de quem já tem muito que carregar da vida,
Um dia o próprio Autor da vida se encarrega desse ponto,
Enquanto o observador ansioso espera,
Que esse ponto nunca seja um freio no caminhar,
E o caminhante perceba,
Se a luz não vencer a sombra,
Não poderá experimentar o que tanto deseja para caminhar,
Nunca se ouviu dizer que era fácil,
O caminho para a Santidade.

TENHO GOSTO DE FEL E NÃO DE MEL

Não queria ser uma tribulação para você,

Se tropeças em mim como confirmação do seu ser,

Sou eu sua provação,

Seu algoz,

Sua prisão,

Se me ver como vicio,

Um cálice de fel,

Então por que me buscaste,

E provastes meu mel?

Por que me tiraste do conforto do esmo, 

Do nada,

Da minha falta de céu,

Não queria ser uma dor para você,

Um conflito,

Quase uma maldição,

Teu grito mudo, eu também escuto,

Mas nada posso fazer,

Me dispertou de um sono, me deu vida,

Me fez viver,

E agora me afasta e me mostra que não sou boa para você,

Noa sou o teu mel,

Sou simplesmente o seu fel.

PEQUENA CHAMA

Aqui me encontro diante de Ti,
Como uma pequena chama,
Sou sua haste em um pequeno toco de vela,
Que a cada instante a cada hora,
Me inflamas,
Me transforma em chamas,
Se o vento me dobra a haste,
Ameaçador tentando apagar-me,
Eis que vem teu sopro e me alimenta,
Inflamas minha alma,
E o que sou eu diante de Ti?
Sou sua pequena vela,
A mais simples dentre todas elas,
Tão pequena e quase sem chamas,
Frágil,
Insegura,
Minha luz não é tão bela,
Mas diante de tantas maiores,
Somente a mim,
Inflamas,
Pois eu sou sua PEQUENA CHAMA.

LÁGRIMAS

 As lágrimas que escorrem na face,
Se transformam em pérolas,
Colhidas pelas mãos de uma mãe,
Que fica sempre atenta,
As feridas da alma por isso socorre e acalma,
Com a experiência de quem já teve uma espada traspassada,
Em seu coração de mãe,
As dores de quem ama ela acalenta,
Em seus braços de mãe sustenta,
E permanece ao seu lado,
Até os soluços findarem,
Oh mãe!
Leva ao teu filho as pérolas colhidas,
Diz a Ele para dar-me nova vida,
Deixa que eu fique em seu colo macio,
E experimente ser coberta por ti,
Em  noites frias,
Me ensina a enfrentar os desafios,
Dessa vida que a todo instante tem cores diferentes,
Tempestades e ventanias,
Que levam confiança, força e alegrias,
Deixando um grande vazio,
Me deixa estar em sua companhia,
Todos segundos e minutos do dia,
Leva a teu filho a minha prece,
Entrega meu coração traspassado,
Pelo aço cortante da vida,
Diz ao teu filho para curar minhas feridas,
Não há nada que peças,
Que não te concedas,
Junta as minhas mãos a sua,
E me ensina essa prece,
Me acolhe no seu amor de mãe,
Me colocando na presença do seu filho,
Para que eu finalmente o Diga,
Toma Senhor, recebe as minhas pérolas.

MULHER DE UM HOMEM SÓ

Deus teceu com fios de ouro a mais linda história de amor,

Antes de sermos gerados já tínhamos  sido preparados e formados,

Para o encontro de corpos e almas,

Seria definitivo e avassalador o encontro desse amor,

Pois enfim nos encontramos e levamos tantos anos,

Sem sequer nos perceber,

Para Deus não há distância entre o mar e as estrelas,

E o longe ficou perto, estreitou o deserto,

Para o encontro acontecer,

Nem a trava de outra língua, 

Nem as decisões feitas em nossas vidas,

Afastaram a promessa concebida e confirmada,

Que muito antes foi gerada,

Pela Trindade Santa confirmada,

Mesmo antes de nascermos,

E o encontro finalmente  aconteceu,

O amor desabrochou,

Inocente sem saber como e porque sente,

Tão profundamente,

A certeza de que és o único a tocar-me por inteira,

A juntar todos os sentidos para  andarem no mesmo compasso,

Da sintonia do amor,

Alma, corpo e sentimentos,

Te pertencia mesmo sem saber,

Deus criou o nosso laço,

Já não tenho mas segredos para você,

Me toma por completo,

Estou marcada por você,

Se o vento nos distanciar e de te me afastar,

Não serei de mas ninguém,

Pois aquele que nos fez,

Me fez só para você.

ANIMO, PACIÊNCIA E ESPERANÇA

Seria  possível  o ser humano ter ao mesmo tempo esse conjunto?

Ah! Deus quando pedistes esses três não viu o humano do homem! 

Um humano tão latente e tão resistente,

As esperas do Senhor?

Que vontade de deixar correr solto os devaneios e anseios,

De quem não sabe esperar,

Tomar o cálice do desânimo e ficar assim sem animo sem norte,

Entregue a própria sorte,

De alguém que  esqueceu de que existe um Deus, 

Que tudo pode e não tem nada a ver com sorte,

Mas um laço muito forte de amor.

Quem sabe a paciência de braços dados com a esperança,

Se aventure a experimentar,

O doce tumulto de quem não quer mas  por fim acolheu,

As palavras que recebeu vindo do coração de Deus,

Deixar correr o tempo em silêncio  pacientemente,

Com um sorriso esperançoso no seu rosto,

Animado pelo novo que logo irá chegar,

Assim aquele que ouviu a voz de Deus,

Finalmente percebeu,

Animo, paciência e esperança,

É o principal para viver as demoras de meu Deus.